JUST LOVE – A JOURNEY OF SELF-ACCEPTANCE

Apenas Amor – Uma jornada de autoaceitação [tradução livre]

“Mas Deus escolheu o que é loucura no mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu o que é fraqueza no mundo para confundir o que é forte. E aquilo que o mundo despreza, acha vil e diz que não tem valor, isso Deus escolheu para destruir o que o mundo pensa que é importante.” (1 Coríntios 1, 27-28)

Passagem bíblica que a autora destaca como fonte de força para si, nos momentos em que se sentiu – e se sente – inadequada no ambiente eclesial.

DA OBRA

Publicada em 2018, Just Love é a autobiografia de Jayne Ozanne, mulher cristã de notável atuação no seio da Igreja Anglicana. Ao longo das páginas, a autora conta sua trajetória nas diversas dimensões da vida, do serviço na Igreja à descoberta da sexualidade e desafios no percurso espinhoso de autoaceitação. Além disso, a obra é atravessada pelos meandros de sua carreira profissional – que, em certa medida, proporcionou encontros que se mostraram determinantes no próprio processo de descoberta da sexualidade.

A cronologia do livro vai de 1977 até 2017, estendendo-se por 40 anos da vida de Jayne. O caminho descrito é longo, o que torna a experiência de leitura um contínuo de expectativa.

Após a leitura, dois aspectos gerais devem ser salientados.

Em primeiro lugar, a situação dual gerada pela inserção de LGBTs na Igreja. Por um lado, a presença dessas pessoas no ambiente eclesial carrega a potência de ocupação e afirmação. Afinal, é preciso que a diversidade exista nos bancos da assembleia: a Igreja, enquanto instituição viva, necessita dessas pessoas. Por outro, contudo, essa presença não-raro se desdobra em experiências dolorosas de negação e mesmo tentativa de “cura” e reversão. Essa última faceta é significativamente marcante no relato de Jayne.

Salienta-se, então, o segundo aspecto: a importância de se visibilizar outras narrativas de religiosidade para além daquelas que reduzem as formas de existência LGBT ao pecado – a autora destaca, ao final do livro, alguns encontros decisivos (e providenciais) para que o desfecho de Just Love pudesse ser libertador e esperançoso, ao fim dos 40 anos de relato. Com efeito, o livro torna-se um manifesto real de esperança, pois Deus nos chama a ser “agentes de seu Amor e Graça” (p. 33).

Por óbvio, Just Love é uma leitura indicada sobretudo àqueles que, como Jayne, vivenciam a vocação desafiadora de compreender sua Fé e sua identidade sexual e de gênero não como atravessamentos conflitantes, mas complementares. Além disso, também é um convite de amplo diálogo com todos aqueles que, de alguma forma, creem no Deus-Amor que nos criou.

DA AUTORA

Jayne Ozanne nasceu em Guernsey, ilha pertencente ao Reino Unido, localizada no Canal da Mancha. Diretora da Ozanne Foundation, luta pela inclusão plena dos cristãos LGBT na Igreja.

https://jayneozanne.com

Resenha por Bela Pinheiro