Carta Aberta à Hierarquia da Igreja Católica Romana sobre a Solicitude Pastoral com Pessoas Gays e Lésbicas
Berwyn, Illinois, 19 de dezembro de 2003
Como pastores católicos, nós ficamos cada vez mais incomodados com o tom e, em alguns casos, com os conteúdos de documentos e pronunciamentos do Vaticano, de conferências episcopais e de bispos individualmente em questões referentes a homossexuais ou a gays e lésbicas. Nós respeitamos a autoridade do magistério da Igreja. Por isso, consideramos bastante perturbador o uso crescente da linguagem violenta e abusiva contra qualquer pessoa. Esta linguagem é inapropriada. E especialmente quando se dirige aos membros da comunidade dos fiéis. Estes pronunciamentos divisivos e excludentes da Igreja contrariam a correta solicitude pastoral.
A caminhada na fé é única e sagrada, incluindo a integração pessoal da sexualidade e da espiritualidade. As condenações feitas a católicos sinceros, que pretendem ter sentido fora do horizonte de seu caminhar, são inapropriadas e pastoralmente destrutivas.
Como sacerdotes e pastores, falamos com franqueza para ficar claro que nossos irmãos gays e nossas irmãs lésbicas são membros da família de Deus, irmãos e irmãs do Senhor Jesus, e merecem a mesma dignidade e respeito devida a todo ser humano. Reconhecer a dignidade inalienável da pessoa humana é o único caminho para a justiça e a reconciliação. Nós afirmamos a bondade intrínseca de todas as pessoas homossexuais. Nós nos enraizamos no documento dos bispos norte-americanos Sempre nossos filhos . E também reafirmamos a compreensão da bondade da pessoa humana proclamada ao longo do pontificado de João Paulo II. Além disso, declaramos que o ministério junto aos irmãos gays e às irmãs lésbicas é mutuamente benéfico, como todo ministério. Prejulgar onde levará a caminhada de cada fiel é inapropriado. Acompanhá-los, como fazemos com nosso irmão e irmãs homossexuais, é a resposta cristã adequada.
Nestes últimos tempos, bispos individualmente, conferências episcopais e o Vaticano adquiriram um tom de tamanha violência e abuso contra estes filhos e filhas da Igreja, que nós não podemos ficar calados. Algum outro grupo ou pessoa no Corpo de Cristo foi tão atacado ou massacrado por uma linguagem tão vil? Exemplos do mais recente documento do Vaticano mostram claramente a demonização destes filhos de Deus, referindo-se à homossexualidade como “preocupante fenômeno moral e social”, “uma grave depravação”, “a difusão do fenômeno”, “aprovação ou legalização do mal”, “grave prejuízo para o bem comum”, “nociva ao reto progresso da sociedade humana”, “intrinsecamente desordenada”. Alguém considera convidativa esta linguagem asquerosa e tóxica?
Para muitos gays e lésbicas, este recente bombardeio lhes arrasou o respeito próprio e a auto-estima, forçando-os a abandonar a participação ativa na Igreja e a questionar como podem permanecer em uma Igreja que eles experimentam como abusiva. Não é possível se trabalhar pastoralmente as necessidades de nossos irmãos homossexuais com base neste tipo de linguagem.
A Igreja Católica é muito mais católica quando é inclusiva e acolhedora, e espelha muito menos o evangelho de Jesus quando é excludente e rígida. Por este motivo, também queremos ressaltar os muitos pronunciamentos pastorais positivos de certos bispos e conferências episcopais (como por exemplo [a carta da conferência episcopal americana, de 1997] “Sempre nossos filhos”).
A teologia da Igreja, incluindo o seu ensinamento moral, está sempre em diálogo com a ampla experiência vivida de seus membros, que molda e rearticula o antigo Depósito da Fé. Nós defendemos um novo clima de abertura de diálogo que inclua a experiência vivida de muitos católicos. Nós reconhecemos a Bênção na vida de inúmeros homossexuais em seus relacionamentos. Acreditamos que suas vivências devem ser ouvidas com respeito.
Enquanto não conhecemos as razões para esta linguagem crescentemente violenta e abusiva, nós a deploramos como ministros do Evangelho de Jesus Cristo e pedidos que se pare com isto imediatamente. E mais, solicitamos a todos os que exercem autoridade no magistério da Igreja que não se dirijam mais AOS gays e lésbicas membros do Corpo de Cristo, e ao invés disso comecem um sério diálogo COM estes membros do Corpo de Cristo.
De nossa parte, nos empenhamos a tratar com respeito e dignidade todos os que buscam prosseguir em sua caminhada de fé, independentemente de sua orientação sexual.
Nos unimos aos incontáveis homens e mulheres, hétero ou homossexuais, que na Igreja Católica e através dela buscam a justiça, a misericórdia e a compaixão.
Nós fazemos um convite a todos os que compartilham nosso ponto de vista a multiplicar esta carta, assiná-la e enviá-la a seu pastor, bispo local, conferência episcopal e ao Vaticano.
Rev. David Baldwin
St. Benedict the African-East
Chicago, IL
Rev. Daniel Cassidy
St. Mark
Chicago, IL
Rev. Dennis Condon
St. Marcelline
Schaumburg, IL
Rev. Lloyd Cunningham, S.V.D.
Catholic Theological Union
Chicago, IL
Rev. Nicholas Desmond
St. Aloysius
Chicago, IL
Rev. Brian Fischer
St. Gregory the Great
Chicago, IL
Rev. Terry Johnson
St. Francis Xavier
LaGrange, IL
Rev. Patrick Lee
Immaculate Conception
Chicago, IL
Rev. Robert McLaughlin
Mary Seat of Wisdom
Park Ridge, IL
Rev. Dennis O’Neill
St. Martha
Morton Grove, IL
Rev. Thomas Pelton
Maternity BVM
Chicago, IL
Rev. Richard Prendergast
St. Mary of Celle
Berwyn, IL
Rev. Donald Headley
St. Mary of the Woods
Chicago, IL
Rev. Robert P. Heinz
St. Alphonsus Liguori
Prospect Heights, IL
Rev. Michael Herman
St. Sylvester
Chicago, IL
Rev. Thomas Hickey
St. Clement
Chicago, IL
Rev. John Hoffman
St. Teresa of Avila
Chicago, IL
Rev. Richard Homa
Sacred Heart
Palos Hills, IL
Rev. Michael Shanahan
St. Mark
Chicago, IL
Rev. William J. Stenzel
St. Francis Xavier
LaGrange, IL
Rev. Patrick Tucker
St. Bernardine
Forest Park, IL
Rev. Daniel Whiteside
St. Catherine of Siena/St. Lucy
Oak Park, IL
Rev. Bart Winters
St. Gregory the Great
Chicago, IL