Autor: Equipe Diversidade Católica

Depoimento: “Permanecer e transgredir”

Durante muitos anos fui um ferrenho católico. Para o bem e para o mal eu acreditava e seguia o que me era proposto, sem questionar muito. Se a religião prende, ela também dá uma segurança danada. E quando tudo o que você precisa é se sentir parte de alguma coisa organizada e forte, o apelo da religião é irresistível. Depois de um longo, difícil e libertador processo, não me considero mais católico – pelo menos não de uma forma tradicional. Minha única ligação real com o catolicismo é por meio de um grupo de reflexão, suporte e partilha de gays católicos (o Diversidade Católica). Na verdade, sou um dos “fundadores” do grupo. Entendi que o meu processo de auto-aceitação poderia ajudar outros gays que estão na Igreja a vivenciar isto de forma menos dolorosa. O tema religião – especialmente o catolicismo – e homossexualidade rende inúmeros e calorosos debates. Há pouco tempo no blog de um conhecido, André Fischer, diretor do Mix Brasil, eu e o restante do grupo fomos classificados de bem-intencionados, porém ingênuos. Para o referido autor a única solução para um / uma homossexual católico (a), diante das inúmeras besteiras que o magistério tem dito a respeito do tema, seria romper com a Igreja, sair do catolicismo. A primeira tentação e o movimento mais espontâneo, sem dúvida alguma, seria este mesmo. Abandonar, deixar, partir de onde...

Leia Mais

Artigo: “Estudos de gênero versus ideologia: implicações teológicas”

“Os estudos de gênero são os principais alicerces teóricos de muitos que defendem a igualdade entre homem e mulher nos diversos âmbitos da sociedade, bem como a inclusão e a cidadania dos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). Essa teoria tem sido fortemente criticada por segmentos religiosos cristãos, incluindo a Igreja Católica, em pronunciamentos, publicações e campanhas. As principais críticas são a suposta minimização da dualidade dos sexos que questiona a família formada por pai e mãe e a legitimação de um modelo polimórfico de sexualidade. Referem-se a esses estudos como “ideologia de gênero”. O espaço público torna-se, certas vezes, um campo de disputa na elaboração e implementação de políticas que envolvem a família, a educação, a saúde e os direitos.” Continue lendo aqui. Neste artigo, originalmente publicado na Revista Cátedra Digital, “o padre e professor do departamento de teologia da PUC-Rio, Luís Corrêa Lima, fala-nos sobre as implicações de “gênero” na vida das pessoas. Faz um retrospecto sobre a mudança que vem ocorrendo na Igreja Católica, principalmente com o Papa Francisco que, apesar de questionar “gênero” enquanto teoria, pastoralmente, abre, neste sentido, algumas portas importantes” (extraído do editorial da...

Leia Mais

“Madame Satã”, coletivo LGBT da PUC-Rio, organiza protesto contra palestra de bispo “anti-gênero” na universidade

Notícia publicada no jornal O Globo em 09/08/2017: O debate promete ser quente. O Coletivo Madame Satã, que defende o discurso de “combate à doutrinação ideológica no espaço escolar”, organiza um ato de protesto neste sábado (dia 19) na sede da PUC, na Gávea, contra o seminário “Ideologia de gênero”, ministrado por Dom Antônio Augusto, representante da Arquidiocese do Rio e professor do departamento de Teologia da universidade. “Ressaltamos que a Arquidiocese do Rio de Janeiro é reconhecida por seus posicionamentos conservadores que vão contra todo o tipo de promoção de equidades”, diz o texto publicado no Facebook do Coletivo, numa convocação para o protesto. O grupo também cita textos da Arquidiocese com “posicionamentos machistas e LGBTQIfóbicos”. Entre outras colocações, a Arquidiocese afirma, em seu texto, que “a ideologia do gênero tornou-se um instrumento utilizado para atacar a dignidade da pessoa e também a família, pois esta representa para eles um tipo de ‘dominação’. Ao contrário, nós dizemos que é pela família que conseguiremos restaurar tal dignidade; pois é por ela que somos educados e formamos verdadeiros valores e ideais”. Procurado pela coluna, Dom Augusto diz que é favorável a qualquer tipo de manifestação, “desde que seja pacífica”. Perguntado sobre quais posicionamentos podem ter motivado o protesto contra a sua palestra, o religioso diz que “a Igreja tem seu posicionamento, que é conhecido”, e que ela está aberta a...

Leia Mais

Depoimento: “Saio do armário”

Hoje …é isso mesmo que você está lendo! Para quem ainda não sabia, ou preferia falar pelas costas, fazer especulações, boatos e nunca teve a dignidade de me perguntar pessoalmente, eis aí o fato. Há muitos anos, antes mesmo de ter maturidade suficiente para dar nome àquilo que sentia no meu coração, eu já percebia que algo na minha personalidade me traria muitos problemas. Existia uma estranheza dentro de mim mesmo e que eu já percebia que deveria sufocar, pois a sociedade nunca gostou de quem não se encaixa nas suas fôrmas e normas. Naquela época, ainda na infância, já ouvia “piadas”, insultos (v**do, b*ch*, b*i*la, etc), comentários maldosos e violências das mais variadas formas. Parecia que, antes mesmo que eu me percebesse, a sociedade já percebia e execrava aquilo que uma criança nem sequer elaborara dentro de si. O que aconteceu? Com o passar dos anos, absorvi tudo isso, fui provando aos poucos desse veneno e me acostumando com isso. E assim o tempo foi passando, a adolescência foi chegando, e foram anos em que travei uma intensa batalha contra a minha própria natureza. Lágrimas embalavam as minhas preces noturnas de “por que isso está acontecendo comigo?” e eu ainda acreditava que seria possível curar uma personalidade. Nessa época, a única solução que por vezes eu encontrava era dar fim à minha própria vida mas, nas duas ocasiões em...

Leia Mais

“Não sou mais vítima da Igreja”

Perto da Jornada Mundial da Juventude de 2013, realizada aqui no Rio de Janeiro, saímos na matéria da revista Isto É sobre “A nova juventude católica brasileira”, que citou também o evento que realizaríamos durante a jornada, “O Jovem Homossexual na Igreja”: “O carioca Rodolfo Viana, 28 anos, crismado na catedral metropolitana do Rio de Janeiro, afastou-se do catolicismo por dois anos depois de ser praticamente expulso da Renovação Carismática, um dos 61 movimentos de evangelização da juventude computados pela CNBB. Motivo: um de seus coordenadores descobriu que Viana tinha um namorado. “Como não conseguia ser ex-gay, me tornei ex-católico”, diz. Ele só retornou à religião ao conhecer o Diversidade Católica, um grupo de gays católicos que se reúne a cada 15 dias – e que conta com a colaboração de padres e teólogos – para conciliar as identidades religiosa e sexual, numa demonstração de que tabus, como a homossexualidade, agora encontram espaço para discussão entre os fiéis. “Hoje, não sou mais vítima da Igreja, que faz parte da minha cultura e formação moral. Bater o pé e não sair do banco do catolicismo é fazer política. Do contrário, estaria me amputando”, diz Viana....

Leia Mais