Autor: Equipe Diversidade Católica

Depoimento: “Por uma nova experiência de transformação”

Sempre acreditei que todos nós LGBTs estivéssemos ligados intrinsecamente por meio do sofrimento que enfrentamos em nosso processo de aceitação. Mas refletir sobre um texto me levou a perceber que descobrir o que realmente nos liga pode mudar nossa percepção de identidade e justiça. No dia 21 de fevereiro, a queridíssima companheira Ivone Pitta publicou em seu blog um texto tão bonito quanto instigante, cujo título é “Apenas um Aniversário” (aqui). Ao lê-lo, me identifiquei imediatamente com a história e decidi deixar um comentário breve acerca daquilo que eu havia percebido como pontos mais importantes. Mas senti que eu poderia colaborar um pouco mais e daí nasceu o presente texto, onde estendo as ideias que levantei a partir do relato de Ivone. Segue seu texto: “Há pouco mais de 20 anos conheci minha primeira namorada. Eu católica daquelas de sábado e domingo na igreja, homotransfóbica, tímida daquelas de ter vergonha da própria sombra, ela com o namorado, na festa de aniversário de uma amiga em comum. E o que seria apenas um aniversário como tantos outros, tornou-se um marco divisório em minha vida. Nos vimos logo após minha chegada, olhamos uma para a outra: olhos brilhantes, sorrisos rasgados. Havia algo diferente. Olhei pro céu e implorei para o deus no qual eu ainda acreditava que não fosse verdade aquilo que eu estava sentindo. Ela, mais corajosa e sem as...

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Depoimento de uma mãe: “Garotos e garotas lindas que só precisam ser amados…”

O autor deste emocionante depoimento (e, caso queira ler mais depoimentos, há uma série deles aqui) nos enviou, para compartilharmos com vocês, esta carta que lhe foi enviada por sua mãe. Que suas palavras possam inspirar outras famílias, e que possam alimentar nossas esperanças na caminhada. Hoje, 25 de junho de 2014, às 15:00h, hora da misericórdia, tive uma conversa muito sincera, tranquila e especial com o meu filho mais velho. Os amores da minha vida, na verdade, são dois: ele e seu irmão, as pérolas que Jesus me concedeu… Mas, nessas linhas, quero me expressar sobre a conversa que tive com o meu filho mais velho, de 23 anos. Entre sorrisos e lágrimas, ouvi o que há muito tempo esperava ouvir de sua boca. E com muito amor, carinho e compreensão, graças a Deus, pude acolher o que o meu filho tinha para me falar. Claro que o ajudei, pois para ele foi muito mais difícil, mas com toda delicadeza e cuidado, como sempre, ele me disse: “mainha, eu sou gay”. Hum… Olhei para aqueles olhinhos cheios de lágrimas e disse: “filho, mainha já sabe”, dei um forte abraço no meu João e disse-lhe: “você é o meu filho amado, aquele que Jesus com sua infinita misericórdia me deu. E eu sou a mãe mais feliz do mundo por ter você como filho. Filho que nunca me deu trabalho, e sim muitas alegrias”....

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Depoimento: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância” (João 10,10)

Nosso querido amigo Pe. James Alison, teólogo e escritor, nos enviou no final de 2013 este emocionante depoimento, com a concordância do seu autor, para compartilharmos em nosso blog (e, caso queira ler mais depoimentos, há uma série deles aqui). Essa carta foi, para nós, um testemunho de fé a nos animar e nos encher de esperança para nossa caminhada. Caro James Alison, graça e paz! Sou filho de uma família católica, um tanto conservadora, pois são ligados ao movimento carismático. Meu avô era homossexual, casou-se com minha avó a pedido dos seus pais que, praticamente, combinaram tudo e o jogaram para casar-se com uma mulher, pois não queriam um filho gay. Naquela época, tudo era bem mais difícil. Meus avós tiveram três filhas (dentre elas, obviamente, a minha mãe). Os anos se passaram e os casos extraconjugais do meu avô começaram a aparecer. Minha avó, (para evitar o que considerava “um escândalo”) pediu o divórcio, deixando-o com sua irmã. Pouco tempo depois, ele se suicidou ingerindo “chumbinho”, veneno para ratos. E, assim, perdi o meu avô, homem de um coração gigantesco, mas que foi vítima de preconceitos internalizados historicamente. Aos 12 anos, descobri que também sou gay. Sentia-me atraído por outros garotos. Não sabia muito bem lidar com a situação. Eu tinha medo, Padre Alison. Tinha medo da minha família, do que as pessoas iriam pensar, do fantasma que era a história do meu avô....

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Um pequeno erro no começo torna-se muito maior ao final: rumos da discussão eclesial sobre a questão gay

Reproduzimos aqui esta palestra ministrada por nosso amigo Pe. James Alison no XXXVII Congresso de Teologia Moral, São Paulo 2-5 de setembro de 2013 (via). É longo, mas vale muito a pena deixar separado para uma leitura com calma e reflexão. Outra opção é baixar o pdf, aqui.  Uma versão deste texto, com aparato científico, está incluída no livro que reúne os textos do XXXVII Congresso de Teologia Moral, publicado em setembro de 2013: Zacharias e Pessini (Eds.). ÉTICA TEOLÓGICA E JUVENTUDES: interpelações recíprocas – diversidade sexual – drogas – violência – redes sociais virtuais. Aparecida: Santuário 2013. i. introdução Minhas irmãs, meus irmãos, agradeço enormemente o convite para participar deste congresso, e fico muito comovido por vocês terem me oferecido o uso da palavra no mesmo. Fico particularmente honrado com o convite já que vocês são teólogos moralistas com especialidades e áreas de perícia muito específicas. A minha formação, por contraste, é de teólogo sistemático. Tenho-me dedicado nos últimos anos à elaboração de um novo paradigma para a evangelização, tendo criado um curso de introdução à fé cristã para adultos. Meu envolvimento, então, com a matéria sobre a qual vocês pedem a minha intervenção tem sido eclesial, espiritual e pessoal: uma questão que incide na vivência de um cristianismo básico no mundo de hoje antes do que uma discussão moral. Necessariamente, então, a minha abordagem do assunto vai faltar muito em termos...

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Depoimento: “Deus sabe como o amo, e Ele a mim”

Nossa amiga Rosilene foi uma das pessoas que compartilharam conosco, no evento aberto que realizamos em 3//2012, intitulado “‘O amor de Cristo nos uniu’: gays cristãos na Igreja Católica”, um pouco de sua história e vivência como lésbica e católica. Aproveitamos esta oportunidade para dividir suas reflexões também com vocês. Tenho 48 anos, sou cristã católica praticante e gay (talvez seja o contrário), mas nem sempre pude me afirmar assim. Desde bem pequena aprendi com meu pai a rezar. Me ensinou o Pai Nosso (que ensinava, naquela época, a rezar “Padre nosso que estais no céu…”), Ave Maria, Oração do Anjo da Guarda… Foi ele quem iniciou a minha formação católica. Aos três anos, como eu já sabia ler e escrever iniciei meus estudos na escola São José, na Vila Militar, no Rio de Janeiro, uma escola católica. Era um ambiente afetuoso e de muita compreensão. As irmãs incentivavam a minha precocidade estudantil e fertilizavam a minha relação com Deus. Foi um tempo excelente! Aos seis anos, com ardente desejo de comungar (mesmo ainda não tendo iniciado o catecismo), aproveitei a distração do meu pai, na missa, na hora da comunhão, e corri como um raio para frente do padre, que gentilmente me deu a comunhão. Nossa! Sinceramente eu senti um estado de céu que nunca mais na vida esquecerei. Tudo transcorria muito bem. Cresci, e as mudanças comuns ocorriam...

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