Autor: Equipe Diversidade Católica

Memória: evento “‘O Amor de Cristo nos uniu’: Gays cristãos na Igreja Católica” (2012)

Realizamos, em 3 de junho de 2012, um domingo, nosso primeiro evento aberto no Rio de Janeiro. Intitulado “‘O Amor de Cristo nos uniu’: Gays cristãos na Igreja Católica”, o objetivo do evento era refletirmos juntos sobre como viver a fé cristã e ser gay. A programação incluiu uma mesa-redonda e alguns depoimentos de pessoas cristãs LGBT, que compartilharam suas histórias pessoais. O convite foi dirigido a tod@s, LGBT ou não, cristãos ou não, para conversarmos sobre as possibilidades de encontro e diálogo, a fim de nos enriquecermos e crescermos junt@s. A programação foi a seguinte: 14h Abertura: A história do Diversidade Católica, desde 2007 (Arnaldo Adnet e Valéria Wilke, do núcleo original de fundador@s do grupo) 14h30 Mesa-redonda: Fé cristã e diversidade sexual 1. “A verdade que emerge” (James Alison, padre católico, teólogo e escritor) 2. “Panorama bíblico sobre a homossexualidade” (Marcio Retamero, mestre em História Moderna/UFF e, à época, pastor da Igreja Presbiteriana da Praia de Botafogo e da Igreja da Comunidade Metropolitana Betel do RJ) 3. “Diversidade sexual e fé católica dentro de um Estado Laico” (Cristiana Serra, psicóloga e católica leiga) 16h30 Coffee break 16h45 Gay e cristão: depoimentos pessoais 17h45 Encerramento O evento aconteceu no Auditório do CCET da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO – Av. Pasteur, 456 – Botafogo/Praia Vermelha. Veja o folheto que distribuímos com a programação e demais informações:...

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A militância de Jesus de Nazaré, o Cristo de todos

“Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão. Se fecharem uns poucos caminhos, mil trilhas nascerão… Muito tempo não dura a verdade, nestas margens estreitas demais, Deus criou o infinito pra vida ser sempre mais! É Jesus, este pão da igualdade, viemos pra comungar, com a luta do povo que quer ter voz, ter vez, lugar! Comungar é tornar-se um perigo, viemos pra incomodar! Com a fé e a união nossos passos, um dia, vão chegar!” (“Se calarem a voz dos profetas”, Antonio Cardoso) Uma porta aberta para a acolhida e a aceitação da diversidade da criação De modo freqüente estamos nos deparando com um dilema: nossa ação se reduziria à militância ou à não militância? Abaixo a militância? Viva a militância? Seria aqui o espaço de mais uma militância? Mas seria possível abrir mão aqui, no nosso espaço, de alguns aspectos presentes naquilo que entendemos por militância? O que é militar? Atuar em prol de algo que se crê provavelmente com a disciplina ou, pelo menos, com a atitude espartana, o protótipo de uma militia. Mas os espartanos já vão longe e, em nome do “sejamos criativos”, deixemos o cimento disciplinar e belicoso que aglomerava as milícias espartanas. Recordemos a atitude de um outro militante, ousamos assim chamá-lo, pois apaixonadamente defendeu até o fim o que e em quem acreditava: Jesus de Nazaré. Propomos, pois, a reflexão sobre...

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“Carta de um padre católico a um jovem homossexual”

Caríssimo, Que grande privilégio que é, ter a oportunidade de te escrever! Tanto mais que gostaria de saborear a palavra «tu», durante alguns momentos e pedir-te que ponderes sobre a novidade que isso representa, quão aberta é esta forma de trato. Quantas vezes já foste abordado pela palavra «tu», numa publicação católica? Não me refiro à palavra «tu» no sentido fraco, como quando um anúncio pergunta: «Já consideraste a vocação de seres padre ou freira?», porque estes anúncios não pretendem realmente significar o «tu». Querem, isso sim, significar «alguém que é como tu em todos os aspectos, mas que por acaso não é homossexual, ou que, pelo menos, é bom em escondê-lo». Normalmente, sempre que acontecem discussões acerca de temas envolvendo a homossexualidade, nas publicações católicas, o estilo passa rapidamente a ríspido e um misterioso «eles» aparece. Este «eles» parece habitar um planeta diferente do teu. Quem quer que fale acerca do «eles» está, de facto, noutro planeta, um onde uma estranha falta de oxigénio torna impossível usar pronomes como «eu», «tu», «nós». Se alguém começar a usar esses pronomes rapidamente ficas com a sensação que a única coisa que lhes dá a liberdade de procederem desse modo é o facto de serem heterossexuais e têm a honestidade suficiente de admitirem que não compreendem do que se trata. Podes ter tentado falar informalmente acerca do facto de seres homossexual...

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Depoimento: “Carta de um gay católico ao papa Francisco”

No final de julho de 2013, vários amigos compartilharam no Facebook a notícia de que um ex-padre gay havia escrito uma carta aberta ao papa Francisco. Embora as matérias divulgadas descrevessem a carta e contivessem trechos traduzidos do original espanhol, não encontramos nenhuma tradução na íntegra. Ao ler o original, ficamos muito impressionados com a clareza e qualidade de seu conteúdo, e achamos que valia muito a pena traduzir e compartilhar com vocês o texto completo em nosso blog. Fica para a reflexão de todos nós, Igreja. Admirado e estimado Francisco: Paz e bem! Tomo a ousadia de escrever, com todo o respeito e admiração marecidos. Como milhões de pessoas, venho observando, ouvindo e acompanhando de perto sua nomeação, seus primeiros atos como papa, sua viagem à América Latina, suas belas palavras para os jovens. E, mesmo em meu atual agnosticismo, vi renovar-se minha esperança de que dentro da Igreja se torne realidade o tão esperado “aggiornamento” [“atualização”], como dito e reivindicado pelo Concílio Vaticano II. Estou feliz e comemoro o fato de que o ar fresco segue entrando no Vaticano, e de que há um longo caminho a percorrer. Pessoalmente, faço eco às suas palavras: quero “criar problemas”, “não me excluo”, eu pertenço. Quero fazer valer os meus direitos e de muitos outros que estão em situação semelhante, não vou ficar de braços cruzados. Já fui padre, pastor, partilhei...

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Depoimento: “Carta aos jovens gays da minha igreja”

Viçosa, Minas Gerais, 03 de novembro de 2013. Caros jovens gays da minha igreja, gays como eu, e católicos como eu: Hoje me senti orgulhoso de mim. Bastante. Viajei para uma cidade próxima à minha, para participar de um encontro celebrado anualmente pela pastoral de que participo em nossa Igreja, e fui carregando na bolsa uma bandeira do arco-íris e um pouco de ousadia. Meu objetivo era fazer uma “intervenção”: exibir comigo a bandeira durante as atividades, tentando provocar alguma reflexão sobre a nossa existência, sobre a nossa identidade de gays e cristãos, que as pessoas costumam ver como ambígua. Não foi uma tentativa de alfinetar ou desrespeitar o espaço, como alguém pode vir acusar. Estar lá, com a minha bandeira, não agredia a fé de ninguém. Fiz o que fiz por ver que ainda temos muitos silêncios a serem quebrados. A maior violência que nos atinge é uma invisibilidade que toma proporções muito significativas em uma instituição que só fala do sexo quando é para proibi-lo. A consequência disso é que muitos de nós, se em algum momento achamos que Deus nos odeia, ainda precisamos enfrentar tudo com a sensação dura de que estamos sozinhos – ainda que existam outras pessoas entre nós vivendo os mesmos dramas, ou pessoas que já tenham passado por eles e possam nos ajudar a superá-los. Romper esse silêncio sempre foi uma questão...

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